O Inferno Ainda é o Outro
Uma antiga frase dizia assim: “O inferno é o outro”.
Brincando com essa idéia, eu cunhei: “O Inferno Ainda é o Outro”.
E o que quer dizer isso?
Quando o homem vislumbrou o avanço da ciência, ele sonhava de algum modo, ser possível ultrapassar a barreira que separa justamente um homem do outro.
Que barreira seria essa?
A consciência humana e seu subjetivo.
Quando estamos olhando para alguém, ou melhor, para o outro. Estamos diante de fato, apenas do seu corpo físico.
Quando criança, vemos muitas brincadeiras e desenhos que brincam com essa idéia. A imagem do menino que abre a cabeça do coleguinha para ver o que há lá dentro.
É um desejo humano. O de querer realmente saber o que se passa com, ou o que é realmente o outro.
Amadurecemos e percebemos mais está fantasia maravilhosamente humana.
Demasiadamente humana.
Hoje, quando vejo alguns “estudos” de “neurociência”, me remeto a está estória.
Com o intuito infantil, assim como o antigo e velho humano medo, da dor ou da morte, o homem moderno tenta neste velho sonho de criança.
Todo ser humano vive este “conflito” em algum nível ou forma.
Os Homens são indivíduos. E nos seus íntimos sabem que estão sempre sós.
Você pode estar numa sala cheia de amigos. Mas na real está só.
É então, que surge o “conflito”.
Ao mesmo tempo que o Homem se percebe só, ele também se percebe junto. É um ser sociável e precisa do outro. Até mesmo para se ver separado dele.
O sexo é algo tão forte no Homem, devido justamente ao proporcionar uma união muito forte, muito próxima, de um com o outro.
Daí também a idéia do pecado.
Os Homens ficam meio confusos com o sexo, justamente por ser este encontro tão próximo.
Fazendo uma analogia, é como se perdessem um pouco da razão, momentaneamente. O símbolo de Deus é a razão, a verdade, o que nos ilumina o caminho.
Daí este conflito, diria histórico do ser.
O sexo simbolizando o mal e a castidade o bem.
A questão é que não precisamos deste extremismo todo, somos Homens modernos, ao menos pretendentes ao cargo de.
Quando então, falam que o inferno é o outro, justamente é por toda está questão. O "outro" é sempre a dúvida, o imprevisível, o desconhecido conhecido.
O outro deve ser mesmo assim. Sempre e literalmente: o outro.
A fala, os gestos, nos aproximam um do outro. É a linguagem.
A linguagem serve justamente para objetivar um pouco o subjetivo do outro.
Assim, o outro continua sendo o inferno.
Mas que inferno lindo.
Ou ainda, linda.
Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013