A Poesia No Bar




Eu não sei por que não cheguei nela...
Ela estava lá me olhando por toda a noite.
Naquele bar.
O que que há?
O que que há comigo?
Não sei.
Um pouco de medo.
Misturado com desapego.

Cerveja...

A poesia em espuma loira radiante.
Ela era loira.
Me olhando a todo estante.
Eu dei molhe, confesso.
Parecia até principiante.

Ela mexeu no cabelo.
Ela mexeu comigo.
Suspiro.
Desatino.

Que loira.
Eu podia ter ido lá falar com ela.
Mas que novela.
Por que será que não fui?

Nada, nem ninguém, me obrigava a não ir.
Então...
Repressão.
Talvez.

Enfim,
Não fui.
Provavelmente,
Como muitas outras horas,
Nunca mais a veja.

Dedico está poesia a ela.
Talvez soubesse que iria sofrer com ela.
Sou forte,
Mas meu coração é fraco.
De vidro e não de aço.

Naquele momento ela foi minha.
Um momento só nosso.
Nos devoramos em olhares.

Ainda estou meio bêbado.
Escrevo em desespero.
Numa tentativa de exorcizar,
A falha ao não chegar.
Ao não abordar.
Aquela loira a me olhar.

Obrigado por me olhar.
Você matou o tesão do meu ego.

Gostaria de te encontrar novamente.
Ainda estou meio enferrujado e carente.


                        Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013