O Cálice
Ela te dá banho.
Te cuida.
Te leva aonde estuda.
Troca sua blusa.
Troca a sua fralda.
Passa pomada.
Evita a assadura chata.
É uma mulher arrumada.
Crescemos diante essa fada encantada.
O tempo passa...
Se você deixar vai querer fazer também a sua barba.
Passar a sua roupa bem engomada.
Deixar ajeitada.
O tempo avança...
E agora ela briga com a outra.
A que quer roubar-lhe com uma aliança.
O homem sofre.
Mas não pode perder a confiança.
De aliança ou não,
esse rapaz vai ter que seguir...
Correr riscos...
Perigos...
Longe desse abrigo.
Cortar o umbigo.
Deixar o cálice, e tomar o vinho.
É a hora de largar a bóia.
Afogar-se,
pode ser.
Mas só se arriscando,
vai entender.
E ver realmente,
novamente o sol nascer.
Édipo matou o Pai,
Era uma disputa pelo amor da Mãe.
Agora o “Homem Édipo”,
“mata” a Mãe.
E novamente reencontra o seu Pai.
O Pai é o objeto.
O mundo fora do “teto”.
O perigo,
sem tanto abrigo.
Tchau umbigo.
Sou um rapaz destemido.
Na sociedade matriarcal ou em famílias matriarcais,
É como se “Jocasta” matasse “Édipo”.
O trabalho então de Édipo é triplicado.
E, ou ocorre a “castração” dos filhos, ou a formação de
“Super-Homens”.
Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013