Os Passageiros da Viagem





Muitos gostariam de eternizar tudo.
Mas se o feito não seria mais a viagem.
Nem mas a passagem.

Passageiro é passageiro.
E o tempo pede passagem.

Eternidade é sempre piada e bobagem.
Piada da vaidade.

Siga a estrada...
Não se preocupe tanto com o destino.
No final ninguém chega mesmo.

A linha desse trem sempre acaba.

Formigas querendo ser deuses...

Formigas que pensam poder mandar em algo ou nos outros.

O poder é justamente a negativa.

Quando vejo um mendigo na rua,
vejo alguém realmente poderoso.
Alguém que lhe foi negado tudo.
Mas por motivos ainda perdura...
Ali sentado olhando a rua.

A figura da realeza
me reluz sempre a pobreza.

O ouro de tolo já dizia Raul.
Ouro que não compra nada e não nos leva à lugar nenhum.

A vida é a força que nos recoloca no presente.

Quando dois homens se encontram,
suas histórias se cruzam.
Mas é o presente que lhes lambuza.

O mel do presente é mais doce.

Por isso toda ferida se pode curar.
Por mais que já se tenha sofrido nessa vida.

O mendigo ali sentado ainda tem presente.
Quase desprovido de futuro ou passado,
ele segue ainda meio abestado.
Desarrumado.
Largado.
Sujo.
E sem salário pago.
Mas com o presente presente de deus lhe dado ao lado.

O verdadeiro mendigo pode usar terno.
Morar em castelo.
Ter as mais belas mulheres.
Mas ainda ser infeliz.
Confundindo a viagem,
com a busca da compra da eternidade.


                      Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013