Encarando a Minhoca





Ela entrou no globo ocular...

Saiu pelo canal auditivo e prosseguiu...

Entrou pelo reto, passou pelo estômago...

E saiu pela boca.


Já farta de alimento humano,

Ela, satisfeita, seguiu seu plano.

É a minhoca e seu jantar humano.



Depois de uma vida inteira de esnobação, glamour

e covardia a vidas alheias...

Eles encontraram um adversário infalível e final.

Lá na cova todo mundo é igual.

A minhoca não diferencia quem comeu caviar ou feijão no jantar.

Ela vai jantar...

Homens perdem suas vidas brigando com outros...

Criando inimigos...

Pra quê?

Pra minhoca ter o que comer.



Sorria.

Ainda há amanhecer.

Está há algum tempinho do encarar.

Aproveite a vida enquanto a minhoca não pode te pegar.

Status, aparência, poder, glamour, muita riqueza...

No fim servem a sua realeza.

À realeza da minhoca.





                    Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2013