A Partícula que Dói

Num mundo infinito,
talvez quantitativamente,
mas com certeza qualitativamente,
Existe uma partícula que dói.
Uma ínfima partícula que insiste em existir.

Nesse universo infinito e caleidoscópico,
Essa partícula, 
ainda tira cutícula.
A partícula se acha importante e segue adiante.
Ela têm livros na estante.

Algumas partículas bebem para não se perturbarem 
nesse semblante.
Outras usam calmantes.

Nesse semblante não há livro que caiba na estante.
Não há estante que caiba na sala.
Não há sala que caiba na casa.
Assim percebemos que a partícula realmente brilha, 
e é importante.
Pois realmente ela é maior do que todo o universo que habita.
Assim como o livro na estante.

O célebre não cabe em seu cérebro.

Assim a "cura" da dor da partícula,
não pode nunca advir do incidir no cérebro "de existir".

Perdida nesse universo, 
a partícula pode se achar ainda, 
perdida num bar.
Ou se encontrar na poesia que jorra, 
da mulata rebolar.

A partícula poeta pode ouvir música de fúsil
e tiro do piano.
A partícula faz parte de outro plano.
Daí desalento e desengano.
Ou amor 
e sabor.

A poesia trata da alma.
Enquanto a neurologia do cérebro.
O célebre, se constitui de alma (psiquê) 
e cérebro juntamente com outros órgãos (corpo físico).

A partícula senta à mesa, janta e vai dormir...
Agora ela é só "livro"...
A "estante" parece sumir adiante...

A partícula é o ser que sabe que é.
Enquanto o mundo simplesmente é o que é.

Desse conflito nasce a dor.

A dor a mantêm nesse ardor.

Como uma gota d'água,
que têm a tenção superficial para manter a sua existência.

Pensar em abolir a dor, 
é a ilusão da própria dor.

Na verdade abolir a dor é algo meio canibal,
que terminaria mal.

A partícula que se compreende pequena, 
torna-se grande e expande.
Justamente como o livro que não cabe na estante.
A partícula, sou eu, você, 
nesse instante.


                      Rodrigo Jorge Bucker - Niterói 2012

Sociedade Androide

Tudo que mexe assusta aquele que está parado,
congelado ou dopado.

A sociedade Androide continua na sua marcha robótica,
em direção ao abolir da emoção.

Comportamento 
sem argumento.
Comportar rima e deriva 
de aprisionar.

A solução sempre foi a educação.
Mas todos sabemos que onde manda o capital selvagem,
A única saída tem se crido, 
é a prisão e sacanagem.

É fácil convencer 
"descerebrados" a crer,
que esse é o amanhecer.
Ver o sol nascer quadrado,
em casa, diante do monitor da TV.

Abobrinhas vezes abobrinhas,
até você obedecer 
e comprar o que o sistema quer lhe vender.

Money... money... money...

"Faça isso!"
"Se comporte assim!"
"Compre esse carro!"
"Não falte o compromisso!"
"Coloque o despertador!"
"Não se atrase nunca!"
"Cale a boca!"
"Se ficar difícil chamamos o Doutor!
Vai te dar um cala boca pra tomar, 
e você vai ter que engolir,
nem pense em cuspir!"

"Siga dopado com o sorriso pago!
Pago pelo sistema!"

Então no fim a ferrugem corrói a própria máquina.
E o paraíso se torna inferno.
Mas a vaidade, 
lhes fazem, 
morrer artificialmente sorrindo,
e de 
terno fino.

                 Rodrigo Jorge Bucker - Rio de Janeiro 2012

Ver ou Enxergar?

Ver ou Enxergar?

Ele viu aquilo,
mas não enxergou.
Ele viu a pedra,
mas mesmo assim nela tropeçou.

Há cegos que enxergam muito mais que muita gente até de quatro olhos.
Há homens que vencem uma batalha com os braços para trás.

Ver ou enxergar?
O preconceito é totalmente cego.
A pessoa vê,
mas não é capaz de reconhecer
o equívoco que isso lhe trás.

Muita gente prefere tapar os olhos ou o sol com a peneira.
Mas o pior é sempre tapar a alma que quer enxergar.

Assim como existem muitos ricos pobres,
existem muitos videntes cegos.

Precisamos do olho para enxergar.
Mas assim como precisamos da luneta para ver a lua,
não há visão, 
sem um Homem na outra extremidade então.

Então, 
quem enxerga meu caro amigo?
Abra o seu olho e dê um sorriso.
E nunca esqueça, que o “cego”, 
pode ser o seu amigo.

                     
                  
                    Rodrigo Jorge Bucker – Niterói 2012